sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Lightweight

Hoje, quando peguei a chave para abrir a porta, senti um frio na barriga. Um medo que veio de repente, inexplicável, pois não havia razão nenhuma para que eu o sentisse. Comecei a ficar insegura por pensar na razão que esse frio na barriga teria aparecido tão repentinamente - um pressentimento de que algo ruim ia acontecer era a única coisa que eu conseguia imaginar. Então saí de casa.

O vento que batia no meu rosto e nas minhas mãos não parecia me esfriar como costumava. Era como se eu estivesse vulnerável, da maneira mais intensa possível, como uma folha que cai da árvore, ou uma gota que vêm do céu, que a qualquer momento vai se estatelar no chão. Como se eu tivesse desaprendido toda confiança e autonomia que eu havia ganhado desde a infância, como se eu tivesse perdido meu chão, meu equilíbrio. Cada rosto desconhecido que passava me dava mais insegurança. Eu queria gritar, mas não havia quem pudesse me ouvir. Meu coração batia como Maracatu, no ritmo do meu desespero. Minha respiração tentava acompanhar.

Eu atravessava a rua com a maior cautela possível.

Comecei a me perguntar se é assim que as pessoas se sentem no dia em que elas morrem. Ou se o que eu tinha no meu coração era um medo enorme de perder alguém importante. Queria ligar pra minha família e perguntar se estava tudo bem, mas isso os deixaria preocupados. E eu tinha receio de ter que ouvir alguma verdade que não pudesse aceitar.

Então chorei. Por não saber o que era que me atormentava e por ter muito medo do que me amedrontava, pois parecia não haver nenhuma saída. Queria chegar na escola logo. Queria ver um rosto conhecido, queria um abraço pra me aquecer. Eu esfregava o meu rosto a cada gota que caía. Eu implorava ao meu anjo da guarda que me protegesse.

Na escola, como um impulso, parei de chorar. Todos agiam normalmente, e quando perguntavam se eu estava bem, eu respondia automaticamente afirmando que sim. Estava em choque... Passei o resto do dia sensível, paranoica, esperando que viesse o que eu esperava, mas não veio. Então consegui respirar fundo.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Sozinho

Coração que chora e ninguém escuta,
Ouvinte sem alma e sem culpa.

Vazio que me consome e grita por um pedaço de verdade,
Pois o que sonho não é mais alcançável.

Tudo que é seu é meu e vice versa,
Desde que não exista ao toque, desde que você me permita.

domingo, 10 de abril de 2011

Socorro

Meu peito se comprime e me deixa sem ar constantemente. Alguma coisa em meu estômago faz com que ele se revire e não são borboletas. Talvez morcegos.

Os dias passam como as horas e eu não faço absolutamente nada para mudar isso. As noites me assustam e eu tenho medo do que os meus sonhos queiram me mostrar, então eu os rejeito deixando de dormir ou deixando que eu os esqueça.

Meu mundo se limita a porta do meu quarto. O travesseiro é quem seca minha lágrimas, o fone de ouvido me dá conselhos no volume mais alto, o caderno compartilha minhas dores, o cobertor me abraça.

Eu chorei. Não chorei porque estava triste, de coração partido. Não chorei pelo sentimento negativo, e sim porque o que eu sentia era simplesmente neutro e nada mais que isso. Vazio.

As pessoas me decepcionam freqüentemente sem saber. Eu me decepciono facilmente.

É como se eu caísse no abismo e no início sentisse medo do que poderia acontecer. Mas depois de tanto tempo caindo, pedisse que eu finalmente quebrasse os ossos no chão e que aquele vazio fosse um sentimento mais real, pelo menos físico.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

D:D

Egoísmo; a incapacidade de poder ver através dos olhos de outra pessoa e nem mesmo ligar pra isso. Você não é o centro do mundo. Chore se as lágrimas que caírem tiverem verdade.

Angústia de não saber quando isso tudo vai passar. Por que tudo resolveu cair em cima de mim, tudo de uma vez só? Não grite comigo justo agora que não estou bem nem comigo mesma.

Ódio que por mais que já tenham passado por isso, não sabem o que você está sentindo. "Posso estar cercado de um milhão de pessoas e eu ainda me sinto sozinho." E quando o seu quarto passa a ser a sua casa, e o caderno seu confessionário.
Não exploda. Chore, escreva, desenhe, converse. Sorria porque você é maior que isso, e na vida tudo passa, não é?

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

19 coisas sobre mim

1 - Gosto de andar na rua e olhar cada pessoa, cada rosto e cada impressão que essa pessoa têm a oferecer;
2 - Acho muito difícil escrever ou dizer o que eu sinto. Há prós e contras nisso;
3 - Pisco muito quando estou nervosa ou envergonhada;
4 - É quase impossível para mim falar em público;
5 - Eu tenho quase toda a certeza que não te odeio;
6 - Pessoas que não me conhecem, geralmente, têm uma "imagem" errada de quem sou eu;
7 - Não gosto quando algo que é quase concreto na minha cabeça, muda de repente;
8 - Acho a injustiça e a sorte (ou destino) tristes;
9 - Não gosto de estar confusa ou perdida;
10 - Eu abandonei esse blog, mesmo pedindo para os outros não fazerem o mesmo. Irrita essa sensação do dia seguinte de ter escrito algo tão bobo;
11 - Tenho sono desregulado;
12 - Não tenho boa reação à elogios;
13 - Odeio ter que fazer tantas coisas que só terão importância no futuro;
14 - Favor não gritar comigo;
15 - Tento sempre lembrar daquela velha frase "você gostaria se fosse com você?";
16 - Tenho dificuldade de falar com pessoas que não estou acostumada, isso muitas vezes me faz preferir ficar em casa do que na "festinha do amigo";
17 - Fico de melhor humor quando tenho sempre uma boa música para escutar;
18 - Sou mais médica do que escritora;
19 - Fico feliz se você leu até o 19.

domingo, 11 de julho de 2010

Lullaby

Quando estamos sozinhas em casa, eu costumo levar meu colchão ao quarto da minha irmã, e ficamos conversando até adormecermos. Em uma dessas noites o assunto acabou - nada de estranho, mas o único som que podíamos escutar era do compasso do relógio.

Minha irmã pegou o violão e começou a tocar uma música que eu conhecia, mas em um ritmo diferente. Tentei entender o que ela estava fazendo. Estávamos nós duas, no silêncio da madrugada com um relógio marcando o ritmo da música que ela tocava.

De vez em, quando, ela errava a nota e escorregava à certa, pois estava sem luz. Eu conseguia ouvir o seu riso disso, ou um "opa!". O ritmo também se confundia, então começava de novo.

Logo reconheci a música, uma que eu gosto porque me deixa sono, com uma voz baixinha e violão calmo. Aos poucos, o som começou a ficar abafado e distante. Eu conseguia ouvir pessoas na rua e carros passando. Agora esses sons ficaram distantes, também.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

...

Exclui a crônica "Coisas", porque ela ficou ruim no dia seguinte. Mas ela não vai voltar melhor amanhã, ou até daqui alguns anos como fez aquele poeta.